Um movimento iniciado por estudantes em redes sociais, ganhou reforço dos movimentos sociais Povo sem Medo, Brasil Popular e Coalizão Negra por Direitos, e, principalmente, de familiares de vítimas da Covid-19.
Quase atingindo a marca de 500 mil mortos pelo coronavírus no Brasil, milhares de pessoas foram às ruas pedir urgência na ampliação da vacinação, auxílio financeiro para os mais atingidos pela pandemia e o impeachment do presidente. Só na cidade de São Paulo, 80 mil pessoas participaram da manifestação.
A justificativa dos manifestantes para a “aglomeração com distanciamento social” era: Bolsonaro é mais perigoso que o vírus.
A manifestação ganhou força após a CPI da Covid-19 mostrar que o governo federal recusou, pelo menos, 11 ofertas de vacinas contra a Covid-19.
O movimento teve grande repercussão na imprensa internacional, sendo divulgado por The Guardian, The Economist, Al Jazeera, Le Monde, New York Post, La Nación e Times of India, contribuindo para ampliar o desgaste da imagem internacional de Bolsonaro.
Em reportagem realizada pela BBC News (veja aqui) analistas comentaram as possíveis consequências para o governo.
Foram entrevistados Carlos Melo, cientista político e professor do Insper; Pablo Ortellado, coordenador do Monitor do Debate Político no Meio Digital e professor da Universidade de São Paulo – USP; e Claudio Couto, cientista político e professor da Fundação Getúlio Vargas – FGV para saber o que esperar do “dia seguinte” das manifestações.
Para esses especialistas, cinco cenários são visualizados:
1. Bolsonaro perde o “monopólio das ruas”
2. Impeachment volta à mesa
3. Aumenta a “fatura” do Centrão
4. Dificulta a reeleição de Bolsonaro
5. Empodera a CPI da Covid-19
Para Raimundo Bonfim, da Central de Movimentos Populares, as consequências apontadas pelos especialistas ouvidos pela BBC ainda são poucas. “Para salvar vidas é urgente também que Bolsonaro e todo o seu governo sejam afastados. A unificação dos pedidos de impeachment e uma campanha unificada representam grande avanço do movimento pelo afastamento do presidente.”
Atualmente, a Câmara dos Deputados acumula 118 pedidos de impeachment de Bolsonaro, além de uma série de manifestos de entidades e grupos que pedem o afastamento do presidente. O mais recente foi o manifesto Artistas pelo impeachment, assinado por de cerca de 2,5 mil trabalhadores e trabalhadoras da cultura, lançado em 10 de maio.
De acordo com as mais de 500 organizações que solicitaram o impeachment de Bolsonaro, os pedidos são embasados em diferentes crimes cometidos pelo presidente. Veja alguns exemplos:
– agravamento da crise sanitária
– informações falsas sobre a Covid-19
– quebra de decoro
– improbidade administrativa
– sabotagem às principais iniciativas de combate à Covid-19
– boicote e atraso na vacinação
– desperdício de recursos e descompromisso com vidas humanas com a promoção de tratamentos ineficazes
– esvaziamento de políticas públicas e sanitárias durante a pandemia
– tentativa de interferência na Polícia Federal
– prejuízo às relações exteriores
– riscos à manutenção da ordem democrática
Os pedidos de impeachment estão listados em https://apublica.org/impeachment-bolsonaro/ separados por tema. O site apresenta também uma “Linha do tempo”, com a cronologia dos escândalos do governo Bolsonaro, desde sua posse.