Natasha Ruiz, pesquisadora do Centro Renato Archer e doutoranda na Universidade Metropolitan de Londres, teve duas cartas publicadas na Revista Science https://science.sciencemag.org, considerada uma das melhores revistas científicas do mundo.
Sempre foi prática do CTI Renato Archer divulgar todo o conteúdo de seus pesquisadores. Porém, as duas cartas de Natasha foram censuradas.
Em entrevista para a London Metropolitan University, Natasha afirmou que a censura pode ter sido uma retaliação de gênero ou política: “O Ministério da Ciência e Tecnologia do Brasil, onde trabalho, se recusou a divulgar a carta. Antes da minha transição, meus trabalhos foram publicados nacionalmente pelo mesmo Ministério. Essa censura pode ser uma retaliação baseada em gênero ou, pior ainda, retaliação política pelo conteúdo do texto.”
O SindCT reproduz as cartas:
Brasil, a pandemia, a especialização de espécies e o mercado globalizado
Na natureza, algumas espécies se tornam ainda mais especializadas e outras ainda mais generalizadas, especialmente quando se trata de alimentos e como cada espécie se coloca no restante do bioma.
Por se tratar de uma espécie especializada, embora com vantagens, foi mostrado um caminho perigoso e isto aumenta a chance de extinção. O Brasil decidiu, através de seus representantes e da própria sociedade, se focar em ser fornecedor de alimentos, exportando água para o mundo.
Somos um dos maiores produtores mundiais de grãos e não produzimos um único trator. Nossas sementes nativas e nutritivas estão sendo substituídas por transgênicas sem sabor e sem nutrientes vindos do exterior.
Praticamente um vassalo que planta a semente do senhor feudal.
Sim, as nações que copiam a natureza em sua forma generalizada ficam menos dependentes do clima e da estabilidade ambiental. Ampliar o cardápio aumenta as chances de sobrevivência e nações mais desenvolvidas já aprenderam isso.
Agora, a nova pandemia do COVID-19 abaixou uma cortina de aço tão forte quanto a da era soviética, dividindo as nações, quebrando as cadeias globais de fornecimento e isolando países inteiros. Se todos os caminhos levaram a Roma, hoje ninguém entra e sai da nação italiana. A previsão dos economistas é de sucessivas recessões em todo o mundo.
Aquela nação que tem uma variedade de opções, fundindo agricultura, indústrias e serviços, assemelha-se a espécies capazes de sobreviver às grandes extinções. Completamente dependente do mundo industrializado, se o Brasil for colocado em quarentena, como a Itália fez consigo e como os Estados Unidos impuseram a Europa, o que devemos esperar? Se a extinção em si não estiver próxima, parece que ainda veremos séculos de vassalagem.
Veja o texto original aqui: https://science.sciencemag.org/content/367/6484/1289/tab-e-letters
A London Metropolitan University repercutiu a carta de Natasha Ruiz:
https://www.londonmet.ac.uk/news/articles/the-deindustrialisation-of-brazil-and-covid-19/
O Brasil está aproveitando o COVID-19 para promover o extermínio social e etário?
Após o pronunciamento desastroso na rede nacional em 24 de março de 2020, o presidente brasileiro e boa parte de sua equipe deixam poucas dúvidas de que a morte de uma parcela significativa dos idosos da classe baixa possa ser a solução para a seguridade social, problema brasileiro.
No final de 2019, o governo brasileiro promoveu uma reforma previdenciária que visa mudar o modelo brasileiro semelhante aos europeus para um modelo cada vez mais próximo do dos americanos.
Uma eliminação tão consciente de milhares de idosos pobres certamente traria uma economia onírica para a equipe econômica do atual governo, de acordo com suas opiniões misóginas amplamente divulgadas como esgoto a céu a. Ao contrário do mundo que agiu para proteger seus cidadãos, é legítimo considerar a possibilidade de uma ação deliberada de extermínio.
Veja o texto original aqui: https://science.sciencemag.org/content/343/6168/228.1/tab-e-letters