Desmatamento médio para o mesmo mês nos últimos três anos é 85% maior que os três anos anteriores à gestão Bolsonaro
Dados do sistema Deter, do Instituto de Pesquisas Espaciais (INPE), divulgados hoje, confirmam que o nível de destruição da Amazônia segue nas aturas. Em setembro, foram identificados 985 Km² com alertas de desmatamento no bioma, o segundo pior setembro da série histórica do Deter-B, perdendo apenas para setembro de 2019. Isso equivale a 37 vezes o tamanho do arquipélago de Fernando de Noronha (PE).
Na média, houve um aumento de 85% na área com alertas de desmatamento nos três anos de governo Bolsonaro (média de 1.134 km² em 2019,2020 e 2021) em relação à média dos três anos anteriores (média de 613 km² para os anos de 2018, 2017, 2016).
“O efeito da política do governo federal, claramente contrária ao clima, à biodiversidade e aos povos da floresta fica evidente quando observamos os alertas de desmatamento. Basta comparar os três anos pré e pós governo Bolsonaro para comprovar que o patamar de destruição assumiu níveis muito superiores, e inaceitáveis perante à emergência climática que vivemos no Brasil e no mundo”, declara Cristiane Mazzetti, porta-voz da campanha Amazônia do Greenpeace.
Os alertas de desmatamento em setembro se concentraram nos estados de Pará (328km²), Amazonas (229km²) e Rondônia (209km²). Em expedição recente, que passou por Rondônia e Amazonas, o Greenpeace e parceiros documentaram grandes áreas em processo de desmatamento, com 1000, 2000 hectares e algumas até maiores que isso. Muitas delas localizadas em florestas públicas ainda não destinadas, cujas ocupações ilegais o Congresso está correndo para aprovar via o projeto de lei 2633/2020, que na prática incentiva novos ciclos de ocupação ilegal marcados por desmatamento.
Área queimada na Terra Indígena Kaiabi, em Apiacás, Mato Grosso. (© Victor Moriyama / Greenpeace)
COP 26
O fechamento dos alertas para setembro chega à poucas semanas do início da próxima Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP 26), onde os países devem apresentar planos para reduzir as emissões de gases do efeito estufa. No Brasil mais de 40% das emissões desses gases são provenientes do desmatamento, e até o momento, após quase três anos de governo, ainda não existem ações em prática, ou políticas públicas robustas que sejam capazes de reverter os altos níveis de desmatamento.
O que existe, por ora, são propostas que levam ao efeito contrário, ou seja, mais desmatamento. Exemplo disso são as alterações propostas na lei, caminhando rapidamente no Congresso para acabar com o licenciamento ambiental (PL 3729/2004), abrir terras indígenas para exploração (PL 191/2020) e inviabilizar a demarcação ainda pendente em muitos territórios (PL 490/2007), bem como a legalização da grilagem em terras públicas (2633/2020).
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