Presidente do TSE que implantou inovação, Carlos Velloso explica que urna eletrônica não está on-line, e é auditável antes, durante e depois da eleição
São Paulo – O Sindicato Nacional dos Servidores Públicos Federais na Área de Ciência e Tecnologia do Setor Aeroespacial (SindCT) divulgou nesta segunda-feira (13) agenda de atividades relacionadas ao livro Tudo o que você sempre quis saber sobre a urna eletrônica brasileira. A obra tem como a autora a assessora de imprensa da entidade, Fernanda Soares Andrade. O lançamento será na Câmara Municipal de São José dos Campos no dia 1° de julho, às 19h. A partir desta data, a versão digital do livro estará disponível ao público.
No dia 29 do mesmo mês, a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) promoverá em Brasília uma mesa redonda, com a participação do ex-ministro Carlos Velloso, considerado o “pai da urna eletrônica”. Presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) entre 1994 e 1996, Velloso também presidiu o Supremo Tribunal Federal (STF) no biênio 1999-2001.
O ex-ministro escreveu o prefácio do livro, no qual relata a história que o levou a trabalhar pelo projeto da urna eletrônica brasileira. Velloso mostra que o motivo que uniu os técnicos e engenheiros era, ironicamente, o que hoje Jair Bolsonaro e seguidores alegam para fazerem a campanha de notícias falsas contra o sistema eleitoral do país, considerado mundialmente exemplar – a fraude eleitoral.
Velloso explica
“É que, registrei – e os que vivenciaram as eleições anteriores a 1996 certamente se lembram –, campeava, nas apurações com cédulas de papel, o ‘mapismo’, fraude abominável que ‘elegia’ e ‘deselegia’ candidatos, o aproveitamento, mediante fraude, de votos em branco, e a falsificação de cédulas, dentre outras mazelas”, relata Velloso. “As urnas eletrônicas, que não estão sujeitas à ação dos hackers, porque não estão ‘online’, são auditáveis antes, durante e depois das eleições. Elas vêm sendo utilizadas há 25 anos, sem qualquer evidência ou indício de fraude”, explica.
Segundo ele, “ocorreu nas eleições de 1994, no Rio de Janeiro, extensa fraude”. Por isso, “era preciso (…) que a Justiça Eleitoral se engajasse na revolução dos computadores (o que, aliás, já vinha ocorrendo), informatizando o voto, com o afastamento da mão humana das apurações”. Nos primórdios, os desenvolvedores chamavam a urna de “máquina de votar”.
Entre as atividades, o SindCT prevê uma sessão solene do Congresso Nacional em homenagem aos desenvolvedores e apoiadores da urna eletrônica, em 9 de agosto (evento que aguarda confirmação do Congresso), e um coquetel de lançamento e sessão de autógrafos da autora após a sessão. O livro será distribuído a parlamentares, formadores de opinião, bibliotecas públicas e universidades, jornalistas e cientistas políticos.
Documentos e depoimentos
A autora se baseou em documentos do TSE e depoimentos de pessoas que participaram do projeto e do desenvolvimento do sistema eleitoral eletrônico. Entre eles, engenheiros e membros do TSE, como o ministro Gilmar Mendes. Em 1996, o sistema eleitoral com a “máquina de votar” estreou em cidades com mais de 200 mil habitantes. Em 2000 o sistema foi implementado em todo o país.