O professor da Unicamp, Dr. Sávio Machado Cavalcante, iniciou sua palestra criticando o negacionismo do governo, principalmente sobre a pandemia de Covid.
Cavalcante relatou que no início da pandemia, recebíamos imagens chocantes, principalmente vindas da Itália.
Não havia informações sobre a doença, nem medidas farmacológicas para o tratamento das pessoas.
Naquele momento, a OMS recomendou as medidas de isolamento para interromper a circulação do vírus, até que houvessem tratamentos ou vacina para conter a pandemia.
No Brasil, Bolsonaro foi na contramão da orientação, orientando as pessoas a continuarem vivendo como se não houvesse uma pandemia.
Havia um diagnóstico feito pelo governo federal que o isolamento afetaria a economia. Como o governo possuiu uma base de apoio de pequenos, médios e grandes empresários, o objetivo seria atingir, da maneira mais rápida possível, a imunidade de rebanho, com a contaminação em massa da população.
Em outros países, a ideia da imunidade de rebanho foi descartada, pois os estudos mostraram que haveria um grande número de mortos.
Mesmo assim, o Brasil manteve essa ação. Todas as medidas adotadas tinham o objetivo de ampliar a circulação do vírus.
Além de atrasar a compra de vacinas, o governo incentivou o uso de medicamentos sem comprovação científica e minimizou os riscos da doença, chamando-a de gripezinha.
Com as declarações do presidente e as medidas adotadas pelo governo, a população normalizou as mortes evitáveis.
O professor atribui essas ações frente à pandemia ao comportamento do presidente desde sua campanha. “Bolsonaro se colocou como moralizador do país, alguém que poderia acabar com a corrupção no Brasil. Isso validou, para maior parte da população, que esse processo tinha legitimidade. Ele também representou a purificação da política, sendo colocado como aquele que purificaria também o campo econômico, a nação e a família, representando um ápice de um movimento reacionário. Suas intervenções, principalmente as econômicas, se mostraram desastrosas.”
Mais informações sobre a análise do professor Cavalcante podem sem encontradas em seu artigo científico: A condução neofascista da pandemia de Covid-19 no Brasil: da purificação da vida à normalização da morte.
Cavalcante afirmou que a produção alternativa de verdade nos impediu de discutir a política, principalmente no sentido de decidir quem morre e quem continua vivendo. Foi atribuído o poder a autoridade sobre a vida e a morte, com a politização da pandemia, principalmente com a ajuda das redes sociais.