Começou no dia 6/11/22 a COP 27 no Egito. Com foco nas mudanças climáticas, a Cúpula do Clima da ONU deve durar duas semanas. O atual governo está sendo representado pelo ministro do Meio Ambiente, Joaquim Leite. Lembrando que o mesmo ministro na COP 26, realizada na Escócia em 2021, envergonhou o Brasil perante o mundo, quando escondeu os dados do desmatamento na Amazônia em seu pronunciamento no dia 10/11/21, afirmando que os dados ainda não tinham sido disponibilizados. O SindCT publicou matéria mostrando que os dados estavam disponíveis desde o final de outubro.
Esta matéria foi importante para mostrar como o Governo Bolsonaro se sente desconfortável com a sua “política ambiental”, pois o artigo publicado pelo SindCT teve grande repercussão na mídia nacional e estrangeira, sendo até citado pelo Jornal Nacional e pelo The New York Times.
Passado um ano, novamente, o atual Governo mostra não apresentar nenhuma capacidade de gerenciar a disseminação dos dados do monitoramento (ou faz questão de não adquirir tal capacidade).
Assim como em 2021, o INPE preparou, seguindo seu rigoroso padrão metodológico, o mapeamento dos dados do desmatamento para os biomas Amazônia e Cerrado.
Também como em 2021, os dados foram finalizados a tempo de permitir ao Governo levar tais informações à reunião da COP, haja vista a importância de tal informação para o Brasil e para o mundo, no que diz respeito ao controle das emissões de CO2.
Porém, mais uma vez, o Governo recebeu as informações e insistiu no erro de tentar escondê-las, como se, ao não divulgar os dados, fosse possível encobrir a destruição que as imagens de satélite escancaram para o mundo todo.
Ainda que a equipe de transição tenha publicamente solicitado as informações, que permitirão avaliar e planejar ações conjuntas com outros países e instituições multilaterais, planejar as ações do início do governo, o Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovações e a direção do INPE continuam em silêncio sobre o encaminhamento das informações solicitadas.
O combate ao desmatamento exige o fortalecimento do INPE na produção dos dados oficiais do desmatamento, transparência no cronograma de disseminação dos dados e agilidade na publicação de tais informações.
A importância que as taxas de desmatamento têm para o país em muitas questões nacionais e internacionais ultrapassam os limites das emissões de CO2 e definem o futuro político e econômico do Brasil e não podem continuar a ser tratadas de forma tão atabalhoada e desrespeitosa. Além do dever de encaminhar as informações imediatamente para a equipe de transição, o MCTI e a direção do INPE têm de tornar públicos os dados, permitindo que a sociedade brasileira acompanhe a situação real dos biomas Amazônia e Cerrado.
Finalmente, é fundamental para o país, que a equipe de transição e o governo que se iniciará em breve, elenque entre suas prioridades a recuperação da equipe e do orçamento dos sistemas de monitoramento do INPE, garantindo a continuidade da produção dos dados oficiais de desmatamento e mudanças na cobertura e uso da terra, com a qualidade e temporalidade necessárias ao pleno desenvolvimento do Brasil.