Com a pandemia causada pela COVID-19, ainda sem controle no Brasil, e uma “quarentena” de mais de 130 dias, onde a indústria, o comércio e os serviços estão em marcha lenta e, consequentemente, vendas e arrecadações de impostos em baixa, ocorre uma pressão por parte dos empresários, governos e informais, pela volta ao trabalho presencial e reabertura das atividades gerais.
Por não ter o Brasil tomado medidas efetivas e eficazes de isolamento, de rastreio de casos e contenção da população no início da pandemia no país, hoje temos números absurdos e trágicos de mortes, de ocupações de UTI e de contaminados, muitos disseminando o vírus sem o saber. É o fracasso do poder público e ausência de comando em tempo de crise.
Uma das poucas medidas tomadas para atenuar a contaminação foi a liberação para o trabalho remoto, para aqueles que têm possibilidade de executar suas atividades laborais em casa, via internet. Quando esta medida foi tomada, em 17 de março, tínhamos menos de 70 contaminados e apenas um óbito no país. Decretou-se a quarentena. Ficamos em casa, isolados.
Hoje, dia 6 de agosto de 2020, temos 2,5 milhões de contaminados, milhares de brasileiros em UTI e 100.000 mortes. E os governantes insistem na volta ao trabalho presencial. Prefeitos, de olho nas eleições de outubro/novembro, governadores pensando na arrecadação e o governo federal pensando em sabe-se lá o quê, mas não no povo. Ao povo, cloroquina!
Ora, se quando as condições eram milhares de vezes menos perigosas foi “sugerida” a quarentena e o isolamento social, por que agora, quando a situação está bem pior, a atitude e determinação é de se pressionar pela volta ao trabalho presencial?
O quadro melhorou? Não.
Os índices de transmissão estão abaixo de 0,8? Não.
O número de infectados está caindo sistematicamente? Não.
Reduziu-se o número de óbitos pelo coronavírus para números de somente dois dígitos? Não.
Ou seja, não há nada que justifique a volta ao trabalho presencial.
Sabemos de vários e vários casos de contaminação em nossos institutos e laboratórios e não aceitamos que se conduza o servidor do DCTA, INPE e CEMADEN a uma situação de risco desnecessária, perigosa para ele servidor e sua família.
Já se pensou no caso dos que moram em outras cidades e vêm para o trabalho de “fretado”?
Já se avaliou as instalações com ar condicionado central em salas e laboratórios sem janelas?
Já se pensou na alimentação dos servidores? Em um “rancho” entupido de gente?
Já se avaliou um galpão fechado e cheio de pesquisadores em baias?
Por conta disso, e de muito mais, o SindCT entrou na justiça para tentar barrar a volta ao trabalho presencial no DCTA e no INPE e está preparando o mesmo para o CEMADEN.
Enquanto os indicadores não estiverem em níveis seguros e recomendados pelos especialistas em saúde (e não vale para grupos de trabalho criado às pressas e sem especialistas no assunto), lutaremos para que nossos servidores permaneçam em isolamento, em suas casas.
A vida e a saúde são mais importantes do que meros atrasos em cronogramas ou caprichos de algum gestor.