O cientista (ex-pesquisador do INPE) Carlos Nobre, uma das autoridades mais respeitadas do mundo quando o assunto é mudança climática, realizou um sobrevoo pela Floresta Amazônica com o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, e sua comitiva.
O objetivo da presença de Carlos Nobre ao lado de Joe Biden foi dar um panorama real sobre a importância da Floresta Amazônica para o clima global.
Segundo Nobre, o sobrevoo permitiu que o presidente americano observasse os efeitos da maior seca já registrada nos rios amazônicos, bem como áreas desmatadas e afetadas por incêndios. “Nós vimos tudo isso, mostrei para o presidente Biden, também, inúmeros desmatamentos e foi uma surpresa até para mim”, afirmou o cientista, destacando que, mesmo em novembro, quando a estação chuvosa normalmente já teria começado, foram avistados dois incêndios florestais recentes.
Foram 25 minutos a bordo de um helicóptero e, nesse curto tempo, foi possível observar uma grande área desmatada, degradada, e regiões com incêndios que aconteceram recentemente, além da devastação ocorrida por incêndios mais antigos.
Único brasileiro a bordo, Nobre aproveitou para discutir também os desafios futuros relacionados às mudanças climáticas e a importância das próximas conferências sobre o clima. “A COP30 vai ser a COP mais importante do mundo, porque nós vamos ter que acelerar a redução das emissões muito mais do que nós pensávamos lá no Acordo de Paris”, explicou o cientista.
Na oportunidade, apresentou ainda ao presidente americano um projeto que será lançado em Manaus no final do mês, propondo a criação de um “Instituto de Tecnologia da Amazônia”, uma espécie de MIT para a região amazônica.
Após o sobrevoo, Biden fez um discurso no Museu da Amazônia (Musa), onde anunciou uma série de investimentos dos Estados Unidos para a região. Nobre ressaltou a importância desses compromissos: “Ele anunciou um monte de financiamentos dos Estados Unidos para a restauração florestal, proteção dos povos indígenas, quilombolas e ribeirinhos”.
Entre os anúncios feitos por Biden, destacam-se US$ 11 bilhões por ano a partir de 2024 para financiamento de assuntos climáticos e US$ 50 milhões para o Fundo Amazônia.
O empenho do cientista Carlos Nobre influenciou a tomada de decisões do presidente, que também anunciou, segundo o site UOL:
• uma coalização para levantar US$ 10 bilhões (R$ 57 bilhões) para projetos de restauração e conservação. O governo americano, o BTG Pactual e mais 12 parceiros pretendem mobilizar investimentos públicos e privados para restaurar 5,5 milhões de hectares até 2030, reduzir as emissões até 2050 e investir US$ 500 milhões (R$ 2,8 bilhões) em projetos para os povos indígenas e comunidades locais da Amazônia brasileira.
• investimento em projeto de reflorestamento no Pará e regiões vizinhas. Os EUA fizeram um empréstimo de US$ 37,5 milhões (R$ 217 milhões) para a Mombak Gestora de Recursos para apoiar um projeto que prevê o plantio de árvores nativas em pastagens degradadas. A expectativa é de que a ação sequestre 5 milhões de toneladas de CO2 ao longo de 50 anos. O CO2 é o principal responsável pelo efeito estufa.
• apoio ao Fundo Floresta Tropical para Sempre, anunciado pelo Brasil na COP28. O fundo deve atrair capital privado para a conservação das florestas. “Os EUA estão anunciando apoio para ajudar a finalizar o trabalho técnico e analítico necessário para projetar e configurar o Fundo”.
• investimento de US$ 4 milhões (R$ 23 milhões) no projeto Tapajós for Life para conservar 7 milhões de hectares de áreas protegidas, terras indígenas e comunidades locais na bacia do rio Tapajós. “Ela expandirá as cadeias de valor sustentáveis e melhorará a gestão territorial dentro da bacia do rio”.