Câmara quer respostas da Economia sobre falta de verba que pode desligar supercomputador do Inpe que prevê estiagem
Câmara quer respostas da Economia sobre falta de verba que pode desligar supercomputador do Inpe que prevê estiagem

Câmara quer respostas da Economia sobre falta de verba que pode desligar supercomputador do Inpe que prevê estiagem

A Câmara dos Deputados vai acionar o Ministério da Economia sobre a falta de orçamento para pagar energia do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) que pode causar o desligamento do supercomputador que prevê a estiagem. O equipamento gasta por ano R$ 5 milhões em energia e o instituto prevê que seja desligado até agosto.

Essa é a primeira vez na história que o Tupã pode ser desligado. É com ele que as equipes do Centro de Previsão do Tempo e Estudos Climáticos (Cptce), do Inpe, fazem os relatórios sobre a previsão do clima. O documento é gerado semanalmente por causa do alerta de crise e enviado aos órgãos do governo federa para a tomada de decisão sobre o problema.

Com o anúncio de desligamento, o presidente da comissão de ciência e tecnologia na Câmara dos Deputados, Aliel Machado (PSB), informou que vai acionar o Ministério da Economia sobre o contingenciamento da verba do instituto.

“Isso acontece porque o governo está priorizando o que não precisa. Você não tem um ministério de planejamento para fazer um contraponto com a economia. Isso está prejudicando muito o nosso país. Vou requer essas informações para acompanhar isso de perto porque nos preocupa”, disse.

A instituição teve verba aprovada de R$ 76 milhões na lei orçamentária federal, mas apenas R$ 44 milhões foram liberados. O restante foi contingenciado, sem previsão de liberação. O instituto precisa em média de R$ 60 milhões para contas como água, energia, segurança, limpeza e mão de obra, segundo o Sindicato dos Servidores Públicos Federais na Área de Ciência e Tecnologia do Setor Aeroespacial (SindCT).

A reportagem do G1 acionou os deputados federais Eduardo Cury (PSDB) e Milton Vieira (Republicanos), que são da região do Vale do Paraíba, onde fica a sede do Inpe. A assessoria do deputado informou que vai encaminhar ofício ao MCTIC e para a Economia pedindo esclarecimentos sobre a questão no Inpe. Milton Vieira não retornou.

De acordo com os dados da câmara, a última ação envolvendo o Inpe dos parlamentares foi um pedido de esclarecimento ao Ministério da Ciência e Tecnologia (MCTIC) em fevereiro feito por Eduardo Cury após o anúncio no corte de 107 bolsas de profissionais pesquisadores. À época, a instituição havia suspendido por não ter orçamento aprovado na LOA, mas manteve após a aprovação da verba.

Em nota, o Ministério da Economia informou que “avaliações de receitas e despesas são realizadas bimestralmente, e realocações serão efetuadas assim que houver a definição do ministério setorial e a compatibilidade da incorporação da despesa primária nos limites do Novo Regime Fiscal”. A reportagem do G1 acionou o Ministério da Ciência e Tecnologia, Minas e Energia mas não obteve o retorno.

Crise hídrica

Cinco estados brasileiros, entre eles São Paulo, enfrentam o que já é considerada a pior seca em 91 anos, de acordo com um comitê de órgãos do governo federal, que emitiu pela primeira vez na história um alerta de emergência hídrica para o período de junho a setembro.

O déficit de chuvas atual já é considerado severo, segundo Sistema Nacional de Meteorologia (SNM), que representa o comitê de órgãos do governo federal. O alerta emitido vale para os estados que se localizam na bacia do Rio Paraná: São Paulo, Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso do Sul e Paraná.

Crise financeira

Em 2021, o Inpe recebeu R$ 44,7 milhões do Ministério da Ciência e Tecnologia, queda de 18% em relação de 2020. O orçamento total previsto era de R$ 76 milhões, mas R$ 32 milhões são incertos para a instituição. Além de menor, houve atraso na liberação dos recursos, por conta da demora na aprovação do orçamento federal. Até maio, a instituição havia recebido R$ 4 milhões do ministério. Com isso, chegou a fazer cortes como:

Sem a verba aprovada, o Inpe chegou a suspender mais de 100 bolsas de pesquisadores que trabalham na instituição. A ação impactou o lançamento do Amazônia I, o primeiro satélite completamente brasileiro. À época, para manter o lançamento com os pesquisadores que já estavam na Índia, a Agência Espacial Brasileira teve de intervir e enviou cerca de R$ 900 mil de forma emergencial ao Inpe. Após a aprovação do orçamento, as bolsas foram atualizadas.

Essa também não é a primeira vez que a falta de orçamento afeta o equipamento. O Tupã está perto do fim de sua vida útil desde 2017 precisa ser trocado. De lá para cá, recebeu manutenções e reforço para se manter ativo. Em outubro de 2020 o Inpe anunciou que fazia tratativas para a troca do equipamento por uma versão menor, que gastasse menos energia, mas sem verba, ainda não foi possível.

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