País precisa parar de fazer planejamento de curto prazo e focar em políticas públicas que pensem o futuro, voltadas para um horizonte superior à duração de um único governo, afirma Paulo Artaxo, professor do Instituto de Física da USP, membro do IPCC e vice-presidente da SBPC
A Amazônia registrou 28.060 focos de queimadas em agosto, segundo dados do Programa de Queimadas, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), um número acima da média histórica. Para especialistas, o avanço do desmatamento e a falta de preservação de mananciais podem fazer com que o país repita cada vez mais o cenário de crises hídricas em razão da escassez de chuvas.
A avaliação é que, quanto mais a região for desmatada, menor será a incidência de chuvas na região central. No Cerrado, as queimadas ameaçam a vazão de alguns dos principais rios. O alerta do professor Paulo Artaxo, do Instituto de Física da USP e membro do IPCC (Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas da ONU), é que o país precisa parar de fazer planejamento de curto prazo e focar em políticas públicas que pensem o futuro, voltadas para um horizonte superior à duração de um único governo.
“A gente sempre culpa o clima porque está chovendo menos. Mas a responsabilidade é nossa, das políticas ambientais, inclusive do atual governo. A falta de chuvas é resultado de mudanças climáticas globais. A gente está vendo o desastre esperado”, disse.
A revista Exame não autoriza a reprodução do seu conteúdo na íntegra.
ABAIXO, MATÉRIA ORIGINAL