Monitoramento do desmatamento no Cerrado pode parar em agosto por falta de verba
Monitoramento do desmatamento no Cerrado pode parar em agosto por falta de verba

Monitoramento do desmatamento no Cerrado pode parar em agosto por falta de verba

O monitoramento do desmatamento no Cerrado, realizado pelo Instituto de Pesquisas Espaciais (INPE), poderá chegar ao fim a partir de agosto deste ano, por falta de verbas.

A geração de alertas de desmatamento (Deter-Cerrado) e o monitoramento anual para o bioma (Prodes-Cerrado) são financiados pelo Programa de Investimento Florestal (FIP) do Banco Mundial. Inicialmente previsto para durar até dezembro de 2020, o programa foi estendido por mais um ano, mas, a partir de dezembro, não haverá mais verba para sua continuidade dentro do Instituto.

Segundo Claudio Almeida, coordenador do Programa de Monitoramento da Amazônia e Demais Biomas do INPE, a equipe do Deter- Cerrado começará a ser desmobilizada já em setembro, o que significa que a partir do final de agosto os alertas de desmatamento não serão mais gerados para o bioma. A equipe do Prodes-Cerrado deve ser mantida até dezembro.

“Depois disso não tem mais verba. A gente tem que encontrar fundos em algum lugar e estamos tentando justamente isso, tentando sensibilizar autoridades. Como sabemos que é muito difícil que venha por orçamento próprio, estamos tentando contato com embaixadas, com outros órgãos internacionais para ver se conseguimos esse recurso”, disse Almeida.

Além da geração de alertas e o mapeamento anual da perda de vegetação, parte do monitoramento de queimadas também deverá ser impactado, já que produtos como risco de fogo e área queimada para o Cerrado também são financiados pelo programa FIP.

O monitoramento dos focos de incêndio em vegetação continuará a ser feito pelo Programa Queimadas, assim como o monitoramento do desmatamento e geração de alertas para a Amazônia.

O fim do monitoramento do desmatamento no Cerrado fez com que organizações ambientalistas que atuam no bioma publicassem na quinta-feira (17) uma carta aberta em defesa da manutenção dos programas.

“O desmatamento no Cerrado tem sido crescente. Em 2020, foram derrubados 7,3 mil km² do nosso bioma […] Já imaginou o cenário de desmatamento sem o monitoramento? É com base nesse trabalho que são realizadas as ações de fiscalização e desenhadas políticas públicas para conter os impactos”, diz a carta, assinada por organizações como Instituto Cerrados, Rede Cerrado, ISPN Brasil e Greenpeace Brasil.

“Deixar de monitorar o desmatamento do Cerrado é um prejuízo incalculável ao país. São impactos relacionados a perda de biodiversidade, emissão de gases do efeito estufa, redução da recarga dos aquíferos, perda de produtos florestais não madeireiros, entre tantos outros […] Nós apoiamos o INPE em seu imprescindível trabalho de monitorar o desmatamento e queimadas no Cerrado. É premente garantir o financiamento deste trabalho de forma contínua”, continuam as entidades no documento, publicado nas redes sociais.

((o))eco entrou em contato com o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI), ao qual o INPE é vinculado, para saber como a pasta está lidando com o assunto, mas não obteve resposta até o fechamento da matéria.

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