INPE: excelência também na produção de satélites!
INPE: excelência também na produção de satélites!

INPE: excelência também na produção de satélites!

O satélite de monitoramento Amazonia-1 se despede, temporariamente, do Brasil. Após seu lançamento, o Amazonia-1 monitorará o desmatamento no país, especialmente na região amazônica.

O primeiro satélite de monitoramento projetado e desenvolvido com tecnologia nacional embarcou ontem (22/12) para Sriharikota, na Índia, local onde ocorrerá o lançamento. Um grupo de funcionários do INPE acompanhou o satélite no avião cargueiro, enquanto outra equipe já se encontrava na Índia aguardando a chegada.

Foram necessários 52 containers especiais para transportar com segurança os módulos do satélite, que pesa 638 kg.

A previsão é que o Amazonia-1 seja colocado na órbita terrestre em fevereiro/2021 pelo lançador PSLV da ISRO, a partir do Centro de Lançamento Sriharikota, na Índia. O satélite ficará numa órbita com altitude de 700 km e terá a missão de fornecer dados (imagens) de sensoriamento remoto para observar e monitorar o desmatamento.

Engenharia Espacial - INPE
Engenharia Espacial – INPE

Através do Facebook, a equipe da Engenharia Espacial do INPE manifestou orgulho e preocupação: “a decolagem foi um momento emocionante para todas as equipes envolvidas em seu desenvolvimento. Nos dá, ao mesmo tempo, orgulho pelo trabalho realizado, e um tiquinho de preocupação pela viagem de nosso filhote. Ao fundo, se ouvia alguém gritando ‘leva agasalho!’”

A expectativa de vida útil do Amazonia-1 é será inicialmente de 4 anos. É improvável que este satélite supere muito sua expectativa de vida, como o CBERS-4 e o SCD-1, pois ele necessita de combustível para, sempre que necessário, ser reposicionado. Após o término de “seu trabalho”, o satélite será direcionado para reentrada na atmosfera, com sua desintegração total. Essa é uma medida nova, adotada pela comunidade internacional que lançam satélites ao espaço, para evitar o acúmulo de lixo espacial.

Ao analisar as experiências anteriores do INPE com satélites concluímos que o Amazonia-1 tem tudo para ser o novo sucesso do instituto!

Engenharia Espacial - INPE
Engenharia Espacial – INPE

Sobre o Satélite

Com seis quilômetros de fios e 14 mil conexões elétricas, o Amazonia-1 será o terceiro satélite brasileiro de sensoriamento remoto em operação simultânea, se juntando ao CBERS-4 e ao CBERS-4A. O Amazonia-1 é um satélite de órbita Sol-síncrona (polar) que gerará imagens do Brasil a cada 5 dias. Para isso, possui um imageador óptico de visada larga que é uma câmera com três bandas com frequências no espectro visível VIS e uma banda próxima do infravermelho, Near Infrared ou NIR, e é capaz de observar uma faixa na superfície da terra de aproximadamente 850 km de largura com uma resolução de 64 metros.

Sua órbita foi projetada para proporcionar uma alta taxa de revisita – 5 dias, tendo, com isso, capacidade de disponibilizar uma significativa quantidade de dados de um mesmo ponto do planeta. Sob demanda, o Amazonia-1 poderá fornecer dados de um ponto específico em dois dias. Esta característica é extremamente valiosa em aplicações como alertas de desmatamento na Amazônia, pois aumenta a probabilidade de captura de imagens úteis, diante da cobertura de nuvens na região.

Engenharia Espacial - INPE
Engenharia Espacial – INPE

Os satélites da série Amazonia serão formados por dois módulos independentes: um Módulo de Serviço, que é a Plataforma Multimissão – PMM, e um Módulo de Carga Útil, que abriga câmeras imageadoras e equipamentos de gravação e transmissão de dados de imagens.

Amazonia-1 não é o primeiro satélite do INPE, mas o primeiro satélite de monitoramento projetado e desenvolvido com tecnologia nacional

O primeiro satélite do INPE, chamado SCD-1, é um satélite de coleta de dados com 115 kg. Foi totalmente projetado, desenvolvido e integrado pelo INPE, com importante participação da indústria nacional. Para seu desenvolvimento, o INPE investiu fortemente em laboratórios modernos e no desenvolvimento de seus recursos humanos.

Anteriormente, o INPE já havia produzido dois microssatélites de aplicações científicas: o Satélite de Aplicações Científicas – SACI 1 e SACI 2.

O Laboratório de Integração e Testes – LIT foi especialmente projetado e construído para atender às necessidades da Missão Espacial Completa Brasileira – MECB, criada em 1979. O LIT é considerado um dos mais avançados complexos de laboratórios de pesquisa e desenvolvimento de tecnologia espacial do hemisfério sul. Neste laboratório foram integrados e testados o SCD-1, SCD-2 e também o Amazonia-1.

Os satélites SCD-1e SCD-2 captam as informações das Plataformas de Coleta de Dados – PCD, que são estações rastreadoras terrestres, distribuídas em vários pontos do país, e as retransmite para a estação de recepção e processamento de Cuiabá. De lá, os dados coletados pelo satélite são transmitidos para Cachoeira Paulista, onde ficam à disposição de mais de 80 empresas e instituições, hoje usuárias do sistema. Voando a uma velocidade de 27.000 km por hora, o SCD-1 leva aproximadamente 1 hora e 40 minutos para completar uma volta em torno da terra. A estação de Cuiabá recebe várias vezes por dia os dados transmitidos por cada PCD.

Ao ser projetado, a vida útil do SCD-1 foi estimada em 1 ano. Porém, surpreendentemente, esse satélite já completou 28 anos de coleta e transmissão de informações valiosas para o Brasil. A longevidade deste satélite é atribuída à alta competência tecnológica e ao rigor empregado no seu processo de qualificação, tanto para os componentes, como para os subsistemas e sua integração.

Satélite desenvolvido pelo INPE em parceria com a China completa seis anos em órbita

Expectativa de vida útil do satélite era de três anos

Pesquisadores do INPE têm muito a comemorar. O CBERS-4 – China-Brazil Earth Resources Satellite ou, em português, Satélite Sino-Brasileiro de Recursos Terrestres, completou, no início de dezembro, 6 anos em órbita, o dobro da expectativa de vida estimada.

Lançado em 7 de dezembro de 2014, da base chinesa de Taiyuan, o satélite CBERS-4, desenvolvido em parceria com a China é o quinto satélite produzido pelo Programa CBERS.

O CBERS-4 é um satélite de classe mundial, que leva a bordo quatro câmeras, sendo duas brasileiras (MUX e WFI) e duas chinesas (PAN e IRS). A multiplicidade de sensores permite ao CBERS-4 produzir imagens capazes de atender a diversas aplicações, como monitorar desmatamentos, queimadas, o nível de reservatórios, desastres naturais, a expansão agrícola e o desenvolvimento das cidades, entre outras. Cada câmera possui um nível de resolução capaz de gerar imagens com o detalhamento necessário para cada aplicação.

Em seis anos de operação, cerca de 1.600.000 imagens capturadas pelo satélite foram distribuídas gratuitamente a órgãos governamentais, instituições de ensino e iniciativa privada. A partir de 2004, o INPE adotou a política de dados livres, por meio do programa CBERS, tendo influenciado decisões semelhantes tomadas pelo United States Geological Survey – USGS e pela European Space Agency – ESA, em 2007 e em 2009, para os programas Landsat e Sentinel, respectivamente.

Família CBERS

Desde o início do programa em parceria com a China, foram lançados 6 satélites CBERS:

CBERS-1: lançado em 14/10/1999

CBERS-2: lançado em 21/10/2003

CBERS-2-B: lançado em 19/09/2007

CBERS-3: lançado em 09/12/2013

CBERS-4: lançado em 04/12/2014

CBERS-4-A: lançado em 20/12/2019

O CBERS-4, que comemora seus seis anos de operação, foi produzido em apenas um ano, tempo recorde, após a falha no lançamento do CBERS-3, devido a mal funcionamento do veículo lançador Longa Marcha 4B.

As imagens capturadas pelos satélites CBERS 4 e 4A estão disponíveis para o público no catálogo do INPE e podem ser acessadas em http://www.dgi.inpe.br/catalogo.

Postagem da AEB comemora sucesso do CBERS sem citar INPE

Em post na rede social Instagram, a Agência Espacial Brasileira – AEB, comemorou o sucesso do CBERS-4. Apesar de citar que o satélite foi desenvolvido através de uma parceria entre Brasil e China, a AEB não menciona que, no Brasil, o instituto responsável por seu desenvolvimento foi o INPE, atual alvo de uma série de ataques do governo.

6 anos do lançamento do CBERS-4
6 anos do lançamento do CBERS-4

Leia o texto completo do post:

Em 7 de dezembro de 2014, o 4º satélite do Programa CBERS era lançado, após o sucesso dos CBERS-1 e 2.

O Programa CBERS (China-Brazil Earth Resources Satellite / Satélite Sino-Brasileiro de Recursos Terrestres) é uma parceria entre Brasil e China para construção e lançamento de satélites próprios de sensoriamento remoto. Tal iniciativa trouxe importantes avanços ao nosso país, especialmente no que se refere ao controle do desmatamento e queimadas, monitoramento de recursos hídricos, do setor agrícola, entre outras tantas aplicações.

O CBERS-4 foi lançado com sucesso do Centro de Lançamento de Satélites de Taiyuan (TSLC), pelo veículo lançador Longa-Marcha 4B (LM-4B).

Fonte: www.inpe.br

Autor

  • Fernanda Soares é jornalista profissional, formada há 25 anos. É responsável pelas publicações Rapidinha, Jornal do SindCT e pelo canal WebTVSindCT. Em 2012 recebeu o prêmio Beth Lobo de Direitos Humanos das Mulheres, oferecido pela Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo, por sua cobertura da desocupação do Pinheirinho. É autora do livro “A solução Brasileira - História do Desenvolvimento do Motor a álcool no Brasil”, publicado e distribuído pelo SindCT, de nove livros paradidáticos infantis, da editora Todolivro, e do recém-lançado "Tudo o que você sempre quis saber sobre a urna eletrônica brasileira", publicado pelo SindCT. Em julho de 2022, Fernanda ofereceu, gratuitamente, os direitos autorais do livro sobre a urna eletrônica ao TSE.