Os pesquisadores do INPE, Antonio Miguel Vieira Monteiro, Tathiane Mayumi Anazawa e Gabriela Carvalho de Oliveira participam da publicação “Covid-19: Crises entremeadas no contexto de pandemia (antecedentes, cenários e recomendações)”, editado pela Universidade Federal de São Carlos – UFSCar.
O ebook é de livre acesso e está previamente autorizado a fazer parte da biblioteca virtual de quaisquer pessoas físicas ou jurídicas interessadas na divulgação da obra.
Você poderá ler o livro completo clicando aqui.
O Livro é dividido em 5 seções:
1. Dimensões jurídicas, financeiras e de controle da gestão pública
Salienta o embasamento legal existente para instrumentalizar o cuidado com a coisa pública, seja no referente às preocupações na fiscalização e controle dos recursos financeiros como no que tange à qualidade das relações sociais dos agentes públicos que atuam em crises e o público ao qual atendem.
2. Velhos e novos desafios para as políticas setoriais
Reflete acerca dos parâmetros até então adotados na orientação de distintas agendas setoriais e como a complexidade da crise atual coloca em pauta a necessidade de enxergar o problema sob uma nova lente que tanto necessita aperfeiçoamento da visão setorial quando sua ultrapassagem para uma perspectiva mais integrada.
3. Planejamento urbano na berlinda: escalas espaciotemporais de análise da evolução da pandemia
Apresenta e discute diferentes parâmetros e escalas de análise do fenômeno pandemia, problematizando desde o nível macroregional de entendimento dos fluxos de contágio ao nível da informação sobre indivíduos, passando pela escala intermediária das comunidades.
É nesta seção que encontramos o capítulo escrito pelos pesquisadores do INPE, Antonio Miguel Vieira Monteiro, Tathiane Mayumi Anazawa e Gabriela Carvalho de Oliveira: “O Longo Amanhecer: as crises sanitária e do planejamento a partir da covid-19 na metrópole do Vale do Paraíba e Litoral Norte.
Neste capítulo, os pesquisadores apresentam subsídios para uma reorientação da perspectiva de palnejamento das ações do setor público, com base no contexto paulista de propagação da covid-19.
4. Aspectos sociais sensíveis
Focaliza desde os desafios que os profissionais encontram no atendimento aos grupos sociais mais fragilizados, expondo-os a pressões que estão acima do suporte que recebem das instituições onde estão inseridos, aos problemas existenciais que estão sendo postos ao homem comum, passando pelos desencontros entre a arquitetura decisória e a dimensão psicossocial, o que eleva o sofrimento psíquico em escala exponencial e amplia o cenário dos problemas de saúde mental com os quais a gestão pública terá de lidar de agora em diante.
5. Crise no contexto democrático: dinâmicas e ordem social em jogo
A última seção aplica-se sobre os sentidos político-sociais mais críticos que atravessamos, do incremento do ambiente de propagação de fake news e da crise de confiança nas instituições públicas que isso causa aos riscos de comportamentos desbalanceados das autoridades públicas em vista dos requerimentos do ambiente democrático, além da discussão sobre a miopia e os descompassos de providências públicas em diferentes frentes, o que resulta em dar à crise uma feição disforme e que dificulta o seu equacionamento pelo gestor público.
Além do INPE, os capítulos foram escritos por profissionais e pesquisadores de outras 20 instituições, brasileiras e estrangeiras, sendo: Defensoria Pública do Estado do Espírito Santo (DPES), Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ), Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (ICESP), Instituto Tata de Ciências Sociais (Índia), Ministério Público do Estado de São Paulo (MPE), Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ), Rede de Cuidados-RJ, Secretaria Municipal de Saúde de Petrópolis-RJ, Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro (TCE-RJ), Universidade de Ribeirão Preto (UNAERP), Universidade de Santos (UNISANTOS), Universidade de Tóquio (Japão), Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), Universidade Estadual Paulisa (UNESP), Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Universidade Federal Fluminense (UFF), Universidade Tongji (China) e Universidade de Manchester (Inglaterra).
E, para deixar o leitor com “água na boca”, reproduzimos a seguir um pequeno trecho da apresentação, redigida pelos organizadores do e-book:
Estamos diante de uma crise sem precedentes no século em curso. Não seria apropriado tratá-la apenas como uma crise de saúde ou sanitária, posto que suas origens e consequências ultrapassam, em muito, essas dimensões e, desafortunadamente, fazem-na encontrar com outras crises (econômica, social, política e institucional). Isto é particularmente visível no contexto brasileiro, no qual tais crises precedentes estavam sendo administradas num ritmo lento, tornando-se crônicas, e agora ganharam intensidade.
Enquadrá-la somente como uma crise de contornos territoriais nítidos seria oportuno, mas poderia deixar escapar processos e relações que não são verificáveis espacialmente, porquanto estão no âmbito das lógicas operativas da multiplicidade de atores implicados, conectados por convergências e tensões antecedentes ou súbitas.
Ademais, há uma diversidade cultural e psicossocial entre povos, sociedades, comunidades, indivíduos, que se traduz em múltiplos aspectos simbólicos e subjetivos de entendimento e reação à crise, a qual adquire um caráter intangível e, nem por isso, desimportante para o exame de seus rumos. Por fim, o tecido institucional sobre o qual repousa a gestão pública da crise.
Com isso, queremos dizer que, se por um lado, a sociedade brasileira, em sua pluralidade e diante os desafios até aqui insanáveis de enfrentamento das desigualdades e injustiças sociais, espera do meio técnico e científico uma urgente iluminação aos novos caminhos que devam ser seguidos, tamanha a amplitude do problema e do quadro de incertezas que suscita, por outro, também o meio técnico e científico estão tateando a mata densa de dúvidas, não para encontrar os caminhos, que não existem, mas para criá-los.
Isso é uma tarefa árdua, porque, em parte, os embasamentos prévios dão um repertório mínimo –de debates entre os pares, de instrumentação física, de base legal, de orientação valorativa –para iniciar a jornada e, noutra, esses embasamentos se mostram insuficientes, ultrapassados, contraditórios, de modo que se segue entre avanços e recuos numa rota sinuosa.
Essa coletânea de capítulos se insere nesse contexto de esforço coletivo, do meio técnico e científico, para auxiliar a sociedade brasileira na construção de caminhos de pensamento que reforcem a cidadania tanto nos seus termos inegociáveis, naquilo que garanta a proteção à dignidade da pessoa humana, quanto nos novos termos que favoreçam a criação de mecanismos adequados de anteparo social e reforço da resiliência social para situações desafiadoras e complexas como a que estamos atravessando.
Para tanto, venturosamente conseguimos reunir nesse espaço contributos de autores com diferentes especialidades, oriundos de diferentes áreas de conhecimento e instituições e que, ainda, focalizam aspectos distintos dessa crise em particular e suas conexões com aspectos prévios, consequentes ou articulados à mesma.
Os campos abrangidos vão da área do Direito e Gestão Pública à área de Segurança Alimentar, passando pela Engenharia, Ciência Política e Planejamento Urbano entre outras.