INPE tenta sobreviver com um orçamento 63% menor do que possuía em 2010
Em matéria publicada nesta sexta-feira (27 de maio) servidores do INPE denunciaram à revista Science a situação de abandono de projetos, falta de pessoal, falta de verbas e incertezas que vive a instituição.
Com sucessivos cortes no orçamento, o INPE, hoje, não possui verbas nem para a manutenção básica de suas instalações ou para o pagamento da conta de energia elétrica. Como medida de economia, importantes salas e laboratórios são mantidos fechados e servidores temem pelo futuro (ou falta dele) da instituição.
Recebendo atualmente o equivalente a 37% do orçamento que recebia em 2010, seu atual diretor, apoiador do governo Bolsonaro, tenta não desagradar o presidente ao falar da situação do instituto, talvez por medo de sofrer as mesmas represálias às quais foi submetido o diretor exonerado em 2019, Ricardo Galvão.
A reportagem da revista Science denuncia o declínio do INPE e as perdas que a falta de investimento em Ciência e Tecnologia pelo atual governo proporcionam ao país.
Entre os exemplos apresentados pela revista, estão a situação do monitoramento dos biomas brasileiros (que pode ser cessado e passado para a iniciativa privada), o fim da vida útil do supercomputador Tupã e o ostracismo do Laboratório de Integração e Testes – LIT.
O LIT, considerado o maior laboratório desse tipo no hemisfério sul, onde antes eram realizadas as integrações de satélites como CBERS e Amazonia, hoje destina-se apenas à realização de testes de equipamentos para a indústria privada, já que o programa espacial brasileiro está praticamente abandonado.
Interromper o processo de desmonte da instituição, mesmo com a possível mudança de governo no próximo ano, será um árduo e lento processo. Os danos causados, não só ao INPE, mas a todas as instituições de pesquisa do país, sem contratação de pessoal, sem transmissão de conhecimento para futuros contratados, sem continuidade dos projetos, não são recuperados com um simples aporte de verbas.