Acontecimentos políticos recentes, somados a avançadas pesquisas antropológicas e paleontológicas, indicam que somos governados por um ser diferenciado, e que só agora viemos a descobrir – trata-se do Homem Putiniano.
Ao contrário do Homem Vitruviano que nos foi legado por Leonardo da Vinci – apontando para o novo mundo que o Renascimento nos traria, o Putiniano não guarda relação com a arte, nem com as proporções perfeitas, ou com qualquer ideal clássico de beleza.
De fato, ele nasceu recentemente em uma reunião dos BRICS, quando o longevo mandatário russo Vladimir Putin elogiou as “melhores qualidades masculinas e de determinação” de nosso presidente. Para o gáudio do brasileiro, ele subitamente descobriu que tem um novo patrono e norte ideológico, talhado para ocupar o vazio aberto pela derrocada de Trump. Conclui-se que sua viuvez foi curta.
Cientistas debruçaram-se sobre o tema, perguntando-se como não haviam ainda notado este fenômeno. Embora tenha todos os traços de uma criatura primitiva, ele é real, e pode até ser entrevistado. Fala uma língua também primitiva, sincopada, que lembra um ramo até agora desconhecido do português, talvez anterior ao surgimento do latim.
Parece também que ele é capaz de escrever, embora haja divergências neste assunto. Alguns reputam suas escritas aos seus descendentes, o que às vezes lhe causa embaraços, pois não é capaz de explicar o significado, ou justificar o conteúdo das mensagens. Observações acuradas também concluíram tratar-se de um ser atlético, com compleição física robusta e capaz de resistir bravamente às pandemias de sua era, dispensando até o benefício das vacinas.
Em outra vertente de pesquisa, procura-se estudar o comportamento de sua tribo, prole e família. No entanto os responsáveis têm encontrado inúmeras barreiras, inclusive legais, para prosseguir com as investigações.
Paleontólogos e cientistas do clima tentam também precisar a época do surgimento do Homem Putiniano, como é feito na datação de fósseis. Neste caso, a técnica adotada é a de medidas precisas da concentração de CO2 na atmosfera. Sua franca elevação indica a origem na Idade das Queimadas, uma nova fase da pré-história entre a Idade da Pedra e a dos Metais. Aparentemente ela explica a predileção do Homem por atear fogo a florestas e procurar metais em garimpos.
Como manda a boa ciência, precisaremos ainda aguardar novas descobertas e as conclusões dos cientistas, para só então sabermos de fato como surgiu, e do que mais é capaz essa exótica criatura.