Os desafios das mulheres no mercado de trabalho
Os desafios das mulheres no mercado de trabalho

Os desafios das mulheres no mercado de trabalho

O mercado de trabalho brasileiro é machista e racista. Essa afirmação está sustentada por fatos e não admite opinião contrária, para o bem da verdade. Saltam aos olhos as desigualdades de acesso aos postos de trabalho e de remuneração entre homens e mulheres e pessoas negras e não negras. O caminho da equiparação salarial e das oportunidades de acesso e permanência tem idas e vindas e velocidade muito aquém da necessária para que a justiça seja feita.

Segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio Contínua do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (PnadC – IBGE) para o 3o trimestre de 2021, o rendimento médio das mulheres ocupadas é de R$ 2.078 enquanto o dos homens é de R$ 2.599, portanto as mulheres ganham em média 80% do que recebem os homens.

A taxa de desemprego é maior entre as mulheres e fica mais agravada entre as mulheres negras. Entre os homens o desemprego registrado foi de 10,1% contra 15,9% entre as mulheres; já entre as mulheres negras esse percentual sobre para 18,9%.

As mulheres têm mais anos de estudo que os homens, no entanto isso não é garantia de maiores salários e sequer de igualdade salarial na comparação com os homens de mesma escolaridade. As mulheres com ensino superior recebem em média R$ 3.866, enquanto homens com a mesma escolaridade recebem R$ 6.113. Mesmo nos casos em que o ensino superior é pré-requisito para o exercício da profissão, a desigualdade persiste, com renda média de R$ 4.738 para as mulheres e R$ 7.469 para os homens.

A pandemia em curso piorou a qualidade do nosso mercado de trabalho. Houve diminuição generalizada da renda, sofrida, até mesmo, pela pessoas que se mantiveram nos postos de trabalho durante todo o período, mas foram afetadas pela inflação. A inserção e permanência das mulheres foram especialmente afetadas; desde o início da pandemia 1.106 mil mulheres retiraram-se do mercado de trabalho, dessas 925 mil são negras.

Nos primeiros anos desse século o Brasil viveu momentos melhores, com menos desemprego e alguma redução da desigualdade no mercado de trabalho. No entanto, desde 2016, a classe que vive do trabalho – no setor público e privado – está sob ataque. Nesse contexto as poucas conquistas foram perdidas, com agravamento do quadro durante a crise sanitária, na qual ainda nos encontramos. É urgente retomar o caminho da construção da igualdade que não é favor algum às mulheres, em especial às negras, trata-se apenas de justiça por vidas e trabalhos que têm o mesmo valor.

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