O Brasil com Ciência conversou com Higor Thales, diretor da Associação Nacional dos Servidores, para saber sobre uma possível extinção das bolsas PCIs, que atendem os institutos de pesquisa no país na área de Ciência e Tecnologia.
“Sobre o fim das bolsas, não há nada formalizado ainda. É um mero rumor, que desestabiliza as instituições. Hoje o programa PCI está presente em 21 instituições de pesquisa, totalizando pouco mais de 800 bolsistas”.
Para ele, os concursos abertos não repõem esses recursos humanos.
“O encerramento das bolsas PCI significa uma paralisação dessas instituições. Lembrando que essas bolsas não são para substituir o pesquisador. São interdependentes. O pesquisador vai orientar os bolsistas. A bolsa é mais para formação de recursos humanos.
Como ficamos 10 anos sem concurso, isso resultou que o bolsista PCI está substituindo o servidor concursado. Mas o programa não foi criado para isso. Na verdade, as bolsas foram um suspiro, um meio, pelo qual as instituições foram substituindo. A gente não está defendendo que o PCI substitua o concurso, muito pelo contrário”.
A pesquisadora do INPE, Evelyn Márcia Leão de Moraes Novo fez um breve histórico de como surgiram as bolsas PCI.
“Essas bolsas foram criadas quando foi observada a necessidade de inovação tecnológica, como forma de incorporar Ciência, Tecnologia e Inovação no processo de industrialização do Brasil, porque cada vez mais a indústria brasileira vinha representando cada vez menos o PIB.
As primeiras PCIs foram criadas com um ano de duração, com o objetivo de suprir a necessidade de inovação tecnológica, devido a ausência de concurso. A partir de 2010, essas bolsas passaram a ser de quatro em quatro anos. Em 2019, houve uma mudança e foi considerado que, devido a questão da impessoalidade, era necessário que as bolsas fossem disputadas nacionalmente. Então, o INPE faz seus pedidos de bolsa, que são avaliados internamente por uma série de critérios. Aí, esse pacote de projetos é mandado ao MCTI e então é divulgado. Nesses pacotes são feitas as especificações dos perfis.
Então, você tem candidatos do Brasil inteiro. E o resultado concreto desse processo é que no fim há muitos que entram em vários editais. O que acontecia é que um mais experiente e qualificado desistia da vaga porque tinha conseguido em outro lugar. Por esse motivo, havia muita perda de tempo. Vinham pessoas com 15 anos de experiência, que tinham vindo da iniciativa privada, mas com experiências truncadas.
Agora está sendo veiculado que as bolsas PCI terão uma outra mudança. Elas deixarão de existir. E esse é um grande problema porque os institutos estão envelhecidos, porque foram criados em 60, 70. A alegação de que não tem recurso não procede”.
O SindCT é contra a extinção das bolsas PCI e vai ser mobilizar contra, assim afirma o presidente do SindCT, Fernando Morais.
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