A Aeronáutica, por meio do IAE, anunciou novo adiamento para o projeto VLM. O teste com o motor S-50, que seria realizado em junho deste ano, foi adiado para o primeiro semestre de 2025. Este adiamento não estaria programado e teria sido decorrente da situação provável da venda da Avibras para uma empresa chinesa.
“O cronograma é um processo dinâmico e flexível sempre. Estamos trabalhando e atualizando o cronograma. Esse último, a gente recebeu em janeiro e com a excelente notícia de que o carregamento foi feito, e que agora precisa ser levado para a usina Coronel Abner. Então, quando a gente coloca aquelas datas, é importante lembrar que com o passar do tempo, a equipe IAE e demais equipes estão cada vez mais experientes. O cronograma que colocava uma data prevista, passando o tempo, a gente vai vendo a complexidade do processo e vamos vendo também as necessidades de mais atividades que não estavam previstas anteriormente. A ideia é mitigar os riscos. O resultado é que a gente vá convergindo para uma melhor data. Essas datas estão bem próximas da realidade. Então, é provável que em março a gente receba novas atualizações do IAE”, disse Fábio Resende, coordenador da Área de Foguetes da AEB.
A Avibras bem passando por dificuldades financeiras há anos e já teve três recuperações judiciais na sua história. É uma empresa importante e estratégica para o país, que desenvolve equipamentos bélicos de alta tecnologia. No entanto, questões conjunturais do mundo vêm dificultando as exportações. Neste momento, ela está com tanto problema financeiro que não paga seus funcionários há 14 meses. O economista da Unicamp, Marcos Barbieiri defende que ela deva ser estatizada, fundamentalmente por ser estratégica. O historiador doutorando da UFRJ explica que a estatização seria uma solução ou que a venda fosse seguida de critérios, de modo que o governo brasileiro tivesse participação efetiva. Atualmente, a venda prioritária é para a Austrália, mas, ao que tudo indica, o governo de lá não teve interesse até o momento. A mais provável compradora é a China, que não possui interesse tecnológico, já que na China estão muito mais desenvolvidos no setor, mas há interesse geopolítico comercial.
“A Avibras tem um histórico financeiro complicado pelo fim da guerra fria e de concorrências internacionais. Em 2010, ela entra em recuperação judicial, termo atual de concordata, e teve ajuda do governo para desenvolvimento do Astros. Assim, ela conseguiu se recuperar. A maior crise da Avibras foi na época do Covid-19, porque ela é muito dependente de exportações. Como as negociações de Defesa devem ser realizadas presencialmente, devido aos segredos estratégicos das nações, a pandemia atrapalhou as vendas. Além, é claro, da crise econômica que ela causou no mundo inteiro. Por tudo isso, que a empresa se encontra neste ponto e não consegue se recuperar”, explica Henrique Alvarez.
Marcos Barbieri destaca a importância da Avibras no Brasil e até mesmo no cenário mundial.
“A Avibras é uma das principais empresas de Defesa do Brasil, seja pelo histórico dela, que é uma empresa antiga, mais do que a Embraer, por exemplo. É uma empresa diversificada, que atua em diversos setores, particularmente no setor Aeroespacial. No entanto, com tantas crises pelas quais passou, hoje ela está perdendo a capacitação. Um ponto-chave são os recursos humanos, e ela já demitiu vários funcionários. Então, está num processo de desmobilização. Ela está com uma dívida tão alta, que pode ultrapassar o valor do próprio patrimônio”.
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