Estudo mostra mapa da vulnerabilidade para o vírus e aponta cidades com maior risco de surto no Vale
Estudo mostra mapa da vulnerabilidade para o vírus e aponta cidades com maior risco de surto no Vale

Estudo mostra mapa da vulnerabilidade para o vírus e aponta cidades com maior risco de surto no Vale

Estudo de pesquisadores do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) sobre o novo coronavírus revela que 46% das cidades do Vale do Paraíba têm alta vulnerabilidade à disseminação da doença. São 18 municípios da região nessa condição.

Outras oito cidades (20,5%) têm grau médio de vulnerabilidade para a doença, que já infectou mais de 3,9 milhões de pessoas no mundo e provocou 272 mil mortes.

Apenas 13 municípios foram classificados em situação vulnerável baixa para a disseminação da pandemia, principalmente as grandes cidades, como São José dos Campos, Taubaté e Jacareí. No geral, 66,5% das cidades da região enfrentam problemas para conter a difusão do vírus, que ameaça colocar em risco a capacidade de atendimento dos sistemas de saúde na região.

O mapa da vulnerabilidade analisou a situação de cada uma das 39 cidades da região e a composição do estudo levou em conta a situação social, territorial e de saúde de cada cidade. Foram levantados dados sobre domicílios, famílias, questões populacionais e territoriais, além do sistema de saúde.

Cada indicador recebeu uma avaliação e uma nota. O resultado final de cada item ficou entre 0 e 1, sendo identificada uma maior vulnerabilidade quanto mais próximo de 1 estiver o indicador municipal. Ou seja, menor acesso a ativos sociais, territoriais e de saúde tem a cidade.

Para fazer o IVM (Índice de Vulnerabilidade Metropolitano) à Covid-19 da cada cidade, os pesquisadores analisaram dados como número de domicílios pobres, população idosa de baixa renda, adensamento excessivo, coabitação, saneamento, taxa de leitos, número de respiradores e de médicos.

Foram consideradas com alta vulnerabilidade à epidemia as cidades de Areias, Natividade da Serra, Lagoinha, Canas, Redenção da Serra, Cunha, Potim, Paraibuna, Santa Branca, Monteiro Lobato, São José do Barreiro, Silveiras, Lavrinhas, Santo Antônio do Pinhal, Igaratá, São Luiz do Paraitinga, Piquete e Ubatuba. O IVM delas ficou entre 0,80 e 0,52.

Com vulnerabilidade média, entre 0,48 e 0,34, aparecem Jambeiro, Tremembé, Arapeí, Queluz, Cruzeiro, São Bento do Sapucaí, Cachoeira Paulista e Aparecida. As demais estão no grupo de baixa vulnerabilidade, com índice de IVM de 0,32 a 0,03.

DESIGUALDADE.

“Em conjunto, essas dimensões revelam qual é a situação dos indivíduos, dos domicílios, das famílias e de grupos populacionais em relação às suas possibilidades de acesso aos ativos em cada dimensão”, explica o pesquisador Antonio Miguel Vieira Monteiro, um dos coordenadores do estudo, que foi feito pelo LiSS (Laboratório de Investigação em Sistemas Socioambientais, do Inpe.

“Ou seja, as desigualdades de acesso, estabelecidas para estas três dimensões, entre os municípios da RMVale, refletem diretamente na capacidade de enfrentamento dos indivíduos, famílias e domicílios à pandemia.”

DISSEMINAÇÃO.

Os pesquisadores avaliaram o potencial de difusão do vírus em cada cidade da região. Segundo eles, seis municípios têm baixa probabilidade para a chegada da epidemia –Areias, Cunha, Potim, Redenção da Serra, São José do Barreiro e Silveiras.

São José dos Campos já é um centro dispersor da doença, ou seja, a epidemia já está instalada e a cidade tem mais de 40% dos casos da região. “Os outros 23 municípios possuem probabilidades altas e muito altas para chegada e instalação de forma sustentada da epidemia”, afirma o estudo do Inpe.

Um dos motivos para o espalhamento do vírus na região é a alta conectividade entre os municípios do Vale e com cidades de fora da região. Os pesquisadores mostram que São Paulo e Rio de Janeiro, maiores centros do país com transmissão sustentada do coronavírus instalada, apresentam 27 e seis conexões, respectivamente, com municípios da RMVale.

Já o município de Campinas, um centro dispersor na relação inter-regional, apresenta seis conexões com municípios da região. De acordo com o estudo, estas conexões, em particular com o município de São Paulo, configuram “portas de entrada importantes para a Covid-19”.

“E estas portas, devido à estrutura de conectividade que estabelecem, permitem a entrada e circulação de Covid -19 a partir no norte, oeste, sul e leste da região e também, entrada direta em municípios no interior da RMVale”.

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