Por falta de dinheiro do governo federal, o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais admite a possibilidade de desligar o supercomputador usado na previsão do tempo.
O supercomputador Tupã está instalado em Cachoeira Paulista, no interior de São Paulo. Começou a funcionar em 2010 e é o principal equipamento utilizado pelo Inpe para fazer as previsões climáticas.
É de lá que saem os cálculos para os pesquisadores entenderem, por exemplo qual será o volume de chuvas durante um período do ano ou se haverá uma estiagem severa.
Agora, pela primeira vez, o supercomputador corre o risco de ser desligado.
Interromper a operação do supercomputador é uma das alternativas encontradas pelo Inpe para economizar dinheiro.
Em entrevista ao G1, o diretor do Inpe, Clézio de Nardim, disse que “vai ter que deligar alguma coisa, fechar o Laboratório de Integração e Testes, desligar o supercomputador, para fazer as contas caberem”.
O orçamento previsto para 2021 é de R$ 76 milhões, 18% a menos do que o ano passado. O dinheiro já deveria estar disponível para o instituto desde o início do ano, mas, de acordo com dados do próprio Inpe, até agora, o governo federal repassou R$ 44 milhões.
Sem o supercomputador, o instituto não será mais capaz de fazer relatórios que ajudam, por exemplo, o Operador Nacional do Sistema Elétrico a planejar a produção de energia elétrica no país.
O ex-diretor do Inpe Ricardo Galvão alerta que o desligamento do equipamento pode trazer consequências para vários setores da economia.
“Essa previsão do clima é importantíssima para organização a longo prazo, por exemplo, o que vai acontecer no Nordeste, se vamos ter épocas mais secas para a previsão da agricultura, o que vai acontecer com o sistema nacional de produção de energia elétrica, se vai ter maior água nos reservatórios ou não”, disse.
O Inpe também estuda suspender as atividades do Laboratório de Integração e Testes. o LIT, onde são desenvolvidos e testados satélites como o Amazônia-1, que foi colocado em órbita no início deste ano e vai ajudar no monitoramento do desmatamento de florestas do país.
“É o melhor laboratório da América do Sul para integração e testes de sistemas espaciais. Ele faz vários trabalhos para a indústria brasileira. Por exemplo, a indústria automobilística, todos os sistemas, de eletrônica a bordo, se é imune ou não a ruídos e os carros são testados no LIT”, explicou Ricardo Galvão.
A Agência Espacial Brasileira declarou que repassou mais de R$ 26 milhões ao instituto, mas a direção do Inpe afirma que não recebeu este dinheiro.
O Jornal Nacional não teve retorno do Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovações.
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