Na última quarta-feira, 23 de junho, o presidente Jair Bolsonaro exonerou o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles. O pedido de exoneração partiu do próprio Salles, atualmente investigado pela Polícia Federal por envolvimento em esquema ilegal de retirada e venda de madeira. Veja matéria do Jornal do SindCT: Quem realmente é Ricardo Salles.
Salles deixa o governo com recordes de desmatamento e queimadas na Amazônia e no Pantanal.
Só em abril, o desmatamento cresceu 42% em relação ao mês anterior. Os alertas abrangeram uma área de 580,55 km², equivalente a 58 mil campos de futebol, conforme medições do Sistema de Detecção de Desmatamento em Tempo Real – Deter.
Conhecido como ministro do Agronegócio, devido à sua defesa do setor, Salles deu lugar a outro ministro desqualificado para o cargo: Joaquim Álvaro Pereira Leite, que integra uma família tradicional de fazendeiros de café de São Paulo, a qual disputa posse de um pedaço da Terra Indígena Jaraguá, em São Paulo e foi, por 23 anos, conselheiro da Sociedade Rural Brasileira, SRB, entre 1996 e 2019.
Leite atuava no ministério desde julho de 2019, lotado na Secretaria da Amazônia e Serviços Ambientais e, desde abril de 2020, na Secretaria de Florestas e Desenvolvimento Sustentável. Antes, foi Diretor do Departamento Florestal da pasta. Era responsável por organizar o sistema de pagamentos ambientais implantado pelo governo Bolsonaro para remunerar proprietários de terra que preservam suas áreas.
O novo ministro, certamente, vai desagradar ambientalistas, já que não possui formação específica na área ambiental; porém, é visto com bons olhos pela Frente Parlamentar Agropecuária, a chamada “Bancada Ruralista”, por sua atuação na SRB.
Ao que parece, quando se trata de Meio Ambiente, Bolsonaro realmente escolhe o ministro “a dedo”, e sem considerar as competências mínimas esperadas para a pasta.
Temos certeza de que o Inpe, como órgão de Estado, continuará atuando na área de Meio Ambiente, fazendo pesquisas e fornecendo dados cientificamente confiáveis, mesmo que não sejam aqueles desejados por quem estiver no poder, e mesmo que outros diretores ou coordenadores tenham que ser exonerados por seguir e defender nossos princípios.