Adapta Brasil, ferramenta de planejamento, que visa evitar catástrofes; e uma visão sociológica sobre eventos extremos
Adapta Brasil, ferramenta de planejamento, que visa evitar catástrofes; e uma visão sociológica sobre eventos extremos

Adapta Brasil, ferramenta de planejamento, que visa evitar catástrofes; e uma visão sociológica sobre eventos extremos

Nesta edição do programa Brasil com Ciência, vamos conhecer a plataforma Adapta Brasil, que é uma ferramenta que visa um planejamento para evitar maiores consequências diante de uma tragédia, como a ocorrida no Rio Grande Sul. Também vamos abordar a questão da tragédia do sul do país numa visão sociológica, visto que não é só o Clima que deve ser levado em conta, mas as condições das pessoas mais carentes, principalmente no que diz respeito às edificações, o que as tornam mais vulneráveis.

O primeiro entrevistado é o Jean Ometto, pesquisador do INPE, gestor do Adapta Brasil, que explica que “o Clima está mudando para o país como um todo e, por essa razão, se faz necessária a busca por mecanismos, para poder se adaptar a essas mudanças”. Para ele, toda a evolução do país, a ocupação territorial, a produção agrícola e a produção de energia, ao longo da história, se deram num Clima que já não é mais o mesmo. Neste sentido, ele ressalta, que se faça necessário uma ferramenta que indique para onde este Clima está indo e também como temos que nos preparar.

“A ideia é caracterizar quão vulneráveis são os sistemas sociais, dos setores produtivos e de outros. O que o Adapta Brasil faz é um diagnóstico da situação atual. A gente pega todas as informações do Censo, do Ministério da Agricultura, da Embrapa, da Agência Nacional de Águas e de outros órgãos públicos, e faz uma análise diante da mudança de Clima. Então, projetamos o Clima para 2030 e 2050”, diz Ometto.

Mas, ele ressalva que o que vem sendo projetado para o futuro já está acontecendo. Então, por esse motivo, esse planejamento tem que ser emergencial.

Durante a entrevista, ele disse que o Adapta Brasil visa subsidiar os gestores, principalmente dos municípios.

“É uma realidade desde o descobrimento que as comunidades se desenvolvam no entorno dos rios. Então, já é uma situação estabelecida. Portanto, uma das soluções seria o reflorestamento, para que as águas não cheguem tão rápido aos rios. Além disso, tem que trabalhar com os sistemas de drenagem e de alerta.

Ainda falando da tragédia do Rio Grande do Sul, a professora da Universidade Federal de São Carlos e pesquisadora da Universidade Santa Catarina, Norma Valência, explica uma visão sobre a sociologia dos desastres.

“No campo crítico da sociologia dos desastres, estamos num processo de desnaturalização dos desastres. Isso significa que estamos problematizando a ideia. Os desastres são acontecimentos sociais, que são súbitos, involuntários, que geram muito estresse coletivo de perdas e danos humanos, materiais e ambientais, ocasionado por eventos físicos”, disse a pesquisadora.

Ela afirma ainda que o modelo econômico capitalista precede os desastres pelo modo predatório, e que não é só a questão do Clima que deve ser levada em consideração nesta análise. “O Homem consumiu recursos naturais, que também vem gerando as mudanças climáticas. Outra questão importante é social, na qual há pessoas que têm menos acessos às áreas que são menos suscetíveis a eventos extremos. Ou seja, estamos falando de distribuição de recursos que permite, ou não, a proteção civil. Pelo exposto, para ela existe também esta agenda para formular políticas públicas, que não discutir somente o Clima.

Assista ao programa completo: