Turma da Beira
Turma da Beira

Turma da Beira

Fenômenos como a urbanização extensiva, a expansão das fronteiras extrativistas e conflitos violentos levaram a transformações urbanas significativas, sendo a desterritorialização uma característica desse impacto. Isso é evidente nos estados brasileiros do Pará e Minas Gerais, onde o deslocamento e a migração rural-urbana associadas à mineração, agronegócio, extrativismo e desenvolvimento de infraestrutura remodelaram drasticamente territórios e identidades. Tais processos afetam particularmente os povos tradicionais, termo usado aqui para se referir aos povos indígenas, caboclos (pessoas de ascendência mista), quilombolas (descendentes de escravos afro-brasileiros) e ribeirinhos (comunidades fluviais). Os povos tradicionais, no entanto, não são de forma alguma vítimas passivas, mas desafiam o deslocamento e promovem suas próprias alternativas de desenvolvimento urbano sustentável.

Este projeto compara como os povos tradicionais do Pará e Minas Gerais formam, imaginam e gerenciam de forma colaborativa o espaço urbano. Ao fazê-lo, gera novos entendimentos sobre concepções inovadoras para intervenções urbanas sustentáveis.

No Pará, foram trabalhadas as seguintes comunidades: 

  • Território Quilombola do Abacatal
  • Territórios de Reforma Agrária na Ilha de Mosqueiro
  • Comunidade ribeirinha e quilombola na Ilha do Maracujá
  • Territórios de Alter do Chão e Projeto de Assentamento Agroextrativista, ambos em Santarém
  • Indígenas estudantes no bairro do Guamá

A partir das pesquisas exploratórias foram produzidos diversos materiais, destinados ao âmbito acadêmico (principalmente em forma de artigos), mas também com objetivos de retorno à sociedade e às comunidades estudadas, com produções lúdicas, didáticas e interativas disponíveis no site oficial.

Origens e financiamento

O objetivo de conhecer a espacialidade e os modos de vida praticados dentro da trama de matas e rios que resiste no contexto metropolitano paraense foi o ponto de partida para a proposta do Projeto Contracartografias. Contudo, esta iniciativa teve o apoio da PROPESP/UFPA por meio do edital PACI, para financiamento de uma missão científica de Philipp Horn, professor do Departamento de Planejamento Urbano da Universidade de Sheffield (Reino Unido) à UFPA, para desenvolvimento e submissão de projeto de pesquisa conjunto. A proposta desenvolvida durante a missão foi aprovada pelo Global Challenges Research Fund, para ação conjunta entre UFPA, UFMG e Universidade de Sheffield entre agosto de 2020 e julho de 2021. O financiamento permitiu a contratação de estudantes da UFPA, vinculados às comunidades estudadas, como bolsistas do projeto, e uma experiência de pesquisa inovadora, a partir do protagonismo assumido por estes estudantes na mediação da interlocução entre academia e duas comunidades.

Desdobramentos

Para desenvolvimento do projeto foram feitas parcerias com pesquisadores do ICSA, que já desenvolviam ações de extensão junto a indígenas e quilombolas estudantes, assim como com equipe da ICA e do ITEC para desenvolvimento dos produtos de divulgação científica dos resultados da pesquisa: livretos, vídeos, jogos e animações, voltadas para todas as faixas etárias e tipos de públicos, mas especialmente para estudantes do ensino médio e fundamental das próprias comunidades, dada a escassez de material didático sobre a realidade em que vivem.

Livretos da Turma da Beira

O projeto também produziu seis livretos sobre as áreas pesquisadas. São materiais ilustrados e numa linguagem acessível para diversos públicos, apresentados por uma turma de personagens chamada Turma da Beira.

Clique aqui para acessar os livretos