Escolha do próximo diretor do Inpe indicará rumo que instituição tomará nos próximos anos
Escolha do próximo diretor do Inpe indicará rumo que instituição tomará nos próximos anos

Escolha do próximo diretor do Inpe indicará rumo que instituição tomará nos próximos anos

Inpe sob nova direção.

O Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações vai escolher o novo diretor do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) a partir de uma lista tríplice fornecida pela comissão de seleção.

Nove candidatos foram homologados, fizeram apresentações públicas e foram entrevistados de forma privada. Entre eles, sairão os três indicados.

Como não há prazo previsto no edital para a entrega da lista e o processo passa a ser sigiloso a partir desta etapa, não se sabe com certeza se os três nomes já foram entregues ao ministro Marcos Pontes, responsável pela escolha final.

Procurado, o Ministério da Ciência não respondeu sobre o assunto até o fechamento desta edição.

Em julho, em coletiva sobre a reestruturação do Inpe, Pontes confirmou a seleção, aberta em maio. “Temos um processo em andamento. A demora é porque o comitê tem prazo, e temos que aguardar.”

CORRIDA.

OVALE foi a campo ouvir pesquisadores do Inpe e especialistas da área para levantar as chances de cada candidato.

O novo diretor será um dos mais fortes indicativos do rumo que a instituição terá pelos próximos quatro anos, ao menos dois deles sob a atual gestão de Jair Bolsonaro.

Desde agosto do ano passado, após a demissão do então diretor Ricardo Galvão, que bateu de frente com o presidente ao defender dados que apontavam alta no desmatamento, o Inpe é dirigido interinamente pelo coronel da Aeronáutica Darcton Damião, que é um dos candidatos homologados.

Damião é considerado um dos candidatos mais fortes por ser militar e pela ligação com o atual governo. Há suspeita de que Bolsonaro queira tornar o Inpe uma espécie de organização militar, ainda que civil. A reestruturação em curso segue a lógica da hierarquia militar, por exemplo.

Porém, o coronel aviador não tem respaldo na comunidade científica e nem produção acadêmica que o habilite ao cargo, em condições normais de escolha, segundo fontes.

Damião é formado em ciências aeronáuticas pela Academia da FAB (Força Aérea Brasileira), doutor em desenvolvimento sustentável pela UNB (Universidade de Brasília) e fez mestrado em sensoriamento remoto no Inpe.

“Pode ser o escolhido pela aproximação com Bolsonaro e pela formação militar”, disse um pesquisador do Inpe.

Três candidatos são apontados como os tecnicamente mais preparados: Gilberto Câmara, Victor Pellegrini Mammana e Nilson Gabas Júnior.

Cientista da computação, Câmara dirigiu o Inpe de 2005 a 2012, quando foi criado o Deter, sistema que envia alertas de desmatamento da Amazônia e foi criticado por Bolsonaro.

Crítico ao governo, ele é considerado o principal adversário de Damião, e por isso teria poucas chances.

Ex-diretor do Museu Emilio Goeldi, em Belém (PA), Gabas Júnior é doutor em Linguística e atua na área de Linguística Indígena, ainda participando de conselhos e entidades ligadas à sociobiodiversidade.

Mammana é doutor em física e ex-diretor do CTI (Centro de Tecnologia da Informação) Renato Archer, em Campinas. Atualmente é pesquisador do Cemaden (Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais).

“A escolha vai apontar o futuro do Inpe. Há muitas dúvidas”, disse outro pesquisador..

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