Ex-diretor do Inpe, Ricardo Galvão diz que acordo de Bolsonaro com Elon Musk é ‘jogo de cena’
Ex-diretor do Inpe, Ricardo Galvão diz que acordo de Bolsonaro com Elon Musk é ‘jogo de cena’

Ex-diretor do Inpe, Ricardo Galvão diz que acordo de Bolsonaro com Elon Musk é ‘jogo de cena’

Galvão diSegundo o ex-diretor do Inpe, os satélites de Musk não vão ajudar com o desmatamento da Amazônia “de nenhuma maneira” porque esse “satélites são para internet”

Da redação21/05/2022 às 11:12.Atualizado em 21/05/2022 às 11:12

O físico Ricardo Galvão, ex-diretor do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), classificou como “jogo de cena” o anúncio da parceria do governo federal com o bilionário Elon Musk, presidente-executivo da SpaceX e da fabricante de carros elétricos Tesla, para lançar um programa de “monitoramento ambiental” de queimadas e desmatamento da Amazônia. O projeto deverá ser implementado pela empresa norte-americana.

“A Starlink pediu autorização para lançar 30 mil satélites para Comissão Federal de Comunicações, nos EUA, e a NASA protestou. A NASA colocou vários protestos, que a Starlink não respondeu porque esses satélites que eles estão colocando vão representar um perigo enorme para os satélites que existem no espaço”, disse Galvão à GloboNews.

“Então, a NASA está protestando e o governo diz, enquanto a Comissão Federal de Comunicações nos EUA, a Anatel aprovou. Quem que estudou isso? Eles chamaram a agência espacial brasileira, algum especialista? Não fizeram. É só um jogo de cena politico do presidente.”

Segundo o ex-diretor do Inpe, os satélites de Musk não vão ajudar com o desmatamento da Amazônia “de nenhuma maneira” porque esse “satélites são para internet” e não para monitorar a questão.

O físico também criticou as ações do governo Bolsonaro sobre o tema e disse que foram cortados investimentos como “todo o programa espacial que o Inpe desenvolvia nos satélites”.

Galvão foi exonerado do cargo em 2019 após semanas de confronto com o governo de Jair Bolsonaro, que criticou o então diretor por ter divulgado dados mostrando que o desmatamento na Amazônia cresceu 88% em junho de 2019, em comparação com o mesmo período do ano anterior.

A iniciativa para o fornecimento de “tecnologia avançada” de “monitoramento” para “a preservação da floresta amazônica”, que também inclui a conexão de internet via satélite para 19 mil escolas isoladas, foi anunciada sem assinatura de contrato, nem mesmo com a abertura de licitação. A empresa de internet de Musk é a Starlink.

Apesar do acordo, o governo brasileiro já tem um sistema de monitoramento da Amazônia por satélites, de responsabilidade do Inpe, inclusive com alertas de desmatamento em tempo real. No entanto, com os números crescentes de queimadas e desmatamento em seu governo, Bolsonaro questiona, sem apresentar evidências, a precisão do sistema do Inpe, cujo orçamento foi reduzido.

Após o anúncio da parceria, o ministro das Comunicações, Fábio Faria, negou que o Brasil dará acesso a informações privilegiadas sobre a Amazônia dentro do acordo com o empresário. Faria também informou que ainda não foi falado sobre investimentos, tanto da parte da SpaceX quanto do governo brasileiro. Depois desse primeiro momento, explicou Faria, técnicos da empresa e do governo brasileiro tocarão as negociações.

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