Conferência em Ciência e a pandemia de Sars-Cov-2
Conferência em Ciência e a pandemia de Sars-Cov-2

Conferência em Ciência e a pandemia de Sars-Cov-2

Participantes: Leonardo Karam Teixeira (mediador) e Nicolas Hoch

Shirley Marciano

Nicolas Hoch, em sua apresentação, esclarece sobre a não linearidade da Ciência, explica sobre como funciona uma das tecnologias das vacinas contra Covid e, por fim, traz um fechamento sobre o quanto é investido em Ciência e Tecnologia, e o motivo pelo qual os governos devem aplicar recursos em pesquisa.

“A Ciência não é linear, como muitos imaginam, seguindo um roteiro cronológico e previsível, do tipo: observação – pergunta – hipótese – experimento – análise – conclusão. Na verdade, a gente tem a ideia e depois volta e acaba vendo que parecia estar correto o caminho, mas na realidade não estava, em função de resultados que surgem depois. Isto tem muita relação com trocas de experiências com outros cientistas e com a sociedade, do ponto de vista dos impactos”.

Ele ressalta que a vacina contra a Covid-19 é um milagre da microbiologia moderna, porque após um ano do início da pandemia, já começaram a aplicar vacinas nas pessoas. “Isso demonstra a importância da Ciência e o poder que ela tem de mudar o curso de uma pandemia.

“Dentro dessa vacina tem uma nanoparticula lipídica, que dentro tem moléculas de RNA. Então, essas moléculas vão entrar em nossas células e nossas células vão ler a informação codificada nesse RNA, que vão produzir uma proteína do vírus. Dessa forma, as células do nosso sistema imunológico podem reconhecer essa proteína do vírus como algo que não é normal, que não é do nosso corpo, e montar uma resposta imune para essa proteína do vírus”, explicando, brevemente, como age um dos modelos de tecnologia de vacina.

Ele lembra que essa tecnologia de RNA Mensageiro já vinha sendo estudada muito antes do advento da pandemia, e é dentro dessa lógica que ele quer mostrar o quanto é importante investir em Ciência básica.

“Como explicar para o contribuinte, que é quem paga as pesquisas por meio dos impostos, sobre investir em pesquisa básica?  Provavelmente, se perguntar a alguém, esta pessoa não vai achar um bom destino para o seu dinheiro. Então, como antever que haveria a necessidade de um estudo para um uso no futuro, como foi o caso da vacina contra a Covid? Na verdade, algumas situações, como a temperatura da Terra, podem ser previstas, mas uma pandemia, por exemplo, é muito difícil prever”.

Neste sentido, ele traz uma reflexão para o presente, prevendo uma utilização para anos ou décadas depois. “Tem como identificar quais são os projetos que estão sendo realizados hoje e que daqui a 50 anos vão nos ajudar a resolver algum problema? Provavelmente, não. Então, temos que investir em Ciência e Tecnologia de qualidade agora, em qualquer área, para preparar a humanidade e o Brasil, como um conjunto da humanidade, para essas crises que podem acontecer”.

Ele mostra alguns dados interessantes que reforçam tudo o que foi descrito em sua apresentação. As fontes citadas por ele são do IPEA e do Tesouro Nacional.

“O orçamento brasileiro investido em um ano, juntando Capes, CNPq e FNDCT é de 7 bilhões de reais. Por outro lado, os gastos do país com a pandemia, nesses dois anos, foram de 660 bilhões de reais, sendo 29 bilhões em vacinas. Ou seja, cada mês a menos de pandemia, aproximadamente, representa dois anos do orçamento da Capes, CNPq e FNDCT somados”.

Para finalizar, ele afirma que os investimentos em Ciência e Tecnologia têm que ser uma política de Estado, e os orçamentos devem ser contínuos, estáveis e previsíveis.